José Carlos Felix (UNEB)
Linda Catarina Gualda (FATEC/Itapetininga)
Manuel Castells (2005) afirma que a sociedade em rede é a estrutura social dominante do planeta, pois se encontra em um fluxo contínuo, absorvendo pouco a pouco as outras formas de ser e existir. Para o autor, “a estrutura social de uma sociedade em rede resulta da interacção entre o paradigma da nova tecnologia e a organização social, tendo como característica primeira o aprimoramento do indivíduo”. Esse processo de transformação na realidade é um processo multidimensional associado à emergência de um novo paradigma tecnológico, “baseado nas tecnologias de comunicação e informação, que começaram a tomar forma nos anos 60 e que se difundiram de forma desigual por todo o mundo”. Do mesmo modo, Umberto Eco, em seu livro Obra Aberta (1969), reflete acerca desse fenômeno ao examinar, na sociedade contemporânea, desde as “estruturas que se movem até aquelas em que nós nos movemos”, e cuja consequência mais sintomática é uma pletora de “formas que apelam à mobilidade das perspectivas”. A partir disso, pode-se entender que a revolução tecnológica transformou profundamente o modo pelo qual os sujeitos se inscrevem no mundo. Enquanto a modernidade erigiu as bases de uma tradição literária estreitamente pautada no domínio da escrita, afastando-se assim de uma tradição de narrativa oral de séculos, a sociedade e a cultura contemporânea são marcadas por uma tônica que confere à literatura uma gama de possibilidades, particularmente mediada pelo ambiente hipermidiático. Destarte, a produção literária, em constante diálogo com o cinema, a música, os quadrinhos e a internet, engendra um campo interdisciplinar que, ao ganhar legitimidade na atualidade, opera como um poderoso meio aberto a todas as formas e sujeitos outrora não inseridos em uma tradição literária canônica. Como paradigmas emergentes, a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade propõem transcender o universo fechado do cânone e trazer à tona novas possibilidades de diálogos. Considerando estes fatores, e entendendo, aos moldes de Harvey (1992), que a fragmentação, a indeterminação e a intensa desconfiança de todos os discursos universais são o marco do pensamento pós-moderno, este grupo de trabalho pretende acolher pesquisas que discutam a produção literária em sua relação dialógica com outros campos inter e transdisciplinares.
Palavras-chave: literatura, intermidialidade, transdisciplinaridade.