Márcio José Pereira (UNESPAR)
Partindo do pressuposto de que a história como conhecimento parte de uma representação do passado e que toda fonte documental para produzir esse conhecimento também, procuraremos apresentar nesse minicurso algumas reflexões acerca das relações estabelecidas entre a história e a literatura e certas ponderações teóricas e metodológicas sobre as possibilidades de emprego das fontes literárias na pesquisa e no ensino, tendo como tema a Segunda Guerra Mundial. Nosso interesse em refletir sobre os pontos de contato e diferenças entre os discursos historiográficos, literários e ficcionais, insere-se na preocupação em entender como o conceito de “representação” passou a ganhar espaço – e múltiplos sentidos – dentro da produção historiográfica. Muitas questões emanam dessa discussão, como: Seria a história uma ficção? Um discurso próximo ao literário? E o que seria a ficção? Ela seria o mesmo que a literatura? Nesse sentido, a proposta central do minicurso é discutir as relações entre a História e a Literatura, buscando em exemplos da literatura cuja temática é a Segunda Guerra Mundial para debater como essa vertente se apodera do fantástico, do emotivo e do impacto que as guerras têm no cotidiano. A Segunda Guerra Mundial é o tema da história mais visitado pela literatura, sejam nos romances que usam a guerra como cenário ou nos livros de abordagem técnica ou de estratégias de guerra, nas concorridas biografias de proeminentes personagens, sendo esses “heróis de guerra” ou pessoas “ditas comuns” que sobreviveram aos horrores da guerra e do Holocausto. É certo que o mundo editorial descobriu um filão de grande atração popular e com ótimos resultados comerciais, ora apelando para a crueldade da guerra no cotidiano, ora redescobrindo as questões de foro íntimo dos sobreviventes, ambas condições que instigam a leitura. Para alcançar nosso intuito trabalharemos alguns trechos de obras consideradas best-sellers, obras que estão ao alcance do grande público leitor, seja pelo alto percentual de vendagem ou pela repercussão positiva dos seus conteúdos na grande mídia, sendo a maioria deles adaptados para o cinema, como “O diário de Anne Frank” editado por Otto H. Frank; “A lista de Schindler” de Thomas Keneally; “O menino do pijama listrado” de John Boyne; “A menina que roubava livros” de Markus Zusak; “Olga” de Fernando Moraes; e outras menos conhecidas e mais biográficas, como “As meninas do quarto 28” de Hannelore Brenner; “Tudo o que tenho levo comigo” de Herta Müller; “O menino dos fantoches de Varsóvia” de Eva Weaver, “Patton” de Alan Axelrod e “Éramos Jovens na Guerra-Cartas e Diários de Adolescentes que Viveram a Segunda Guerra Mundial” de Svetlana Palmer, “O dia D” de Stephen Ambrose e “A loucura de Stalin” de Constantine Pleshakov.
Palavras-chave: história, literatura, Segunda Guerra Mundial.