Luís Cláudio Ferreira Silva (UEL)
Tendo como base os trabalhos de Karl Erick Schøllhammer, a saber Ficção brasileira contemporânea (2009), e Florência Garramuño, a saber Frutos estranhos (2014), o minicurso se propõe a refletir sobre a produção literária do século XXI, em um momento histórico no qual a relação com outras mídias – a internet, por exemplo e sobretudo – não pode ser ignorada, bem como a força de um mercado editorial que não para de crescer. Em um primeiro momento, guiado por uma metodologia adotada para se analisar os períodos histórico-literários do passado, procura-se, geralmente, classificar as obras literárias segundo algumas características gerais, o que facilita didaticamente a compreensão. Porém, uma questão se coloca: em tempos de não-manifestos por uma causa ou modelo específico, deslocamentos de crenças, e lugares, transitoriedades, hibridismos e empréstimos será que é possível – e correto – adotar o mesmo procedimento para falar da literatura brasileira atual? Qual seria a linguagem (ou linguagens) e temática (temáticas?) dessas obras. E no que se refere à figura do escritor? Como ele se posiciona em relação à obra e à exposição midiática? A obra fala por si ou ela se torna um produto obediente às relações mercadológicas? O que uma sociedade do espetáculo, emprestando as palavras de Mário Vargas Llosa (2013), baseada na curiosidade pelo privado pode acarretar à produção artístico-literária? O que guiaria essa dita pluralidade das produções atuais? Não haveria nenhum elo que as conectasse, nenhuma especificidade? São perguntas que sempre devem ser feitas ao analisar a literatura contemporânea, cujas respostas não são tão evidentes como se pode pensar. O presente trabalho se dedica, então, na intenção de entender a literatura contemporânea não só a partir de análises individuais de obras, mas como um sistema, servindo como um curso introdutório à literatura produzida no século XXI e a uma reflexão acadêmica sobre o modo de produção dessa literatura e suas características gerais; essa literatura que é chamada por Garramuño (2014) de um fruto estranho.
Palavras-chave: inespecífico, pluralidade, contemporâneo.