O PENSAMENTO DE ŽIŽEK E DE BADIOU E SUAS APLICAÇÕES NA LITERATURA E EM OUTRAS ARTES

Diego Luiz Miiller Fascina (UEM)

Thays Pretti de Sousa (UEM)

 

Esse simpósio tem por objetivo acolher discussões artístico-literárias (podendo ser de maneira comparada) que utilizem como aporte teórico o materialismo lacaniano do filósofo esloveno Slavoj Žižek e do francês de origem marroquina Alain Badiou. Em oposição ao materialismo dialético, que sistematiza a matéria numa relação dialética com o psicológico e o social, o materialismo lacaniano ou lacanianismo propõe instaurar uma forma diferente de funcionamento do poder, que ultrapasse os limites da democracia representativa, uma vez que permanecer fiel à ideia de comunismo não é o bastante. Destarte, Žižek e Badiou, iniciam a base estrutural dessa teoria, localizando, na realidade histórica, os antagonismos que fazem dessa ideia uma urgência prática. A primeira transformação proposta gira em torno dos aparatos conceituais de Karl Marx, no entanto, esses pensadores não renegam o marxismo, mas, aceitando as contribuições do filósofo alemão para a história do pensamento, fazem a ressalva de que a economia e a luta de classes apenas não são suficientes para dar conta de tudo o que acontece. Assim, esses pensadores despontaram com o intuito de renovar Marx, uma vez que a ortodoxia marxista deixava brechas em determinadas análises de dimensão social. Žižek e Badiou estiveram atrelados inicialmente à filosofia política e buscaram, sobretudo, em duas grandes fontes: a psicanálise lacaniana e o idealismo alemão, a consistência teórica para renovar o posicionamento da esquerda em relação à lógica do capitalismo. É preciso esclarecer que mesmo lançando mão de conceitos oriundos da psicanálise, não é proposta dessa corrente psicanalisar seu objeto de estudo, mas sim analisar os efeitos coletivos da aplicação desses conceitos. Posteriormente, ramificado para os Estudos Culturais, e mais recentemente para o campo literário, o materialismo lacaniano propõe também uma nova ótica para as análises literárias, fílmicas e para óperas e artes plásticas ao recuperar o subjetivo e o psicanalítico que transcende das questões do Inconsciente e se espraia para o campo coletivo e social, direcionando nosso olhar para fatos aparentemente simples e/ou cotidianos de maneira a denunciar a naturalização do discurso ideológico. Serão aceitos, ainda, a contribuição crítica de leitores de Žižek e de Badiou, tais como: Bruce Fink, Marisa Corrêa Silva, Vladimir Safatle e Christian Dunker e/ou de teóricos que dialogam com a proposta dos supracitados pensadores.

Palavras-chave: materialismo lacaniano, crítica literária, arte.