Luiz Fernando Martins de Lima (IEDA/UNIESP)
Thais Maria Gonçalves da Silva (UNESP/Assis)
Presenciamos hoje o resultado de décadas de proliferação de discursos teóricos dentro dos Estudos Literários, especialmente em decorrência da chamada “Era da Teoria”, período que compreende desde a década de 50 até a década de 90, em que a Crítica e a Teoria Literária beberam na fonte da filosofia continental europeia de maneira determinante. Assim, hoje temos uma ampla gama de “abordagens”, como a Crítica Psicanalítica, Crítica Marxista, Crítica Feminista, Estética da Recepção, Neohistoricismo, Pós-colonialismo, e muitas outras que, se por um lado enriqueceram as possibilidades de leitura dos textos literários, assim como de seus entornos – além do texto literário propriamente dito, as abordagens supracitadas consideram relevantes também a relação entre a obra e a história, a representação do corpo, a obra literária em vista da noção de cultura, questões relacionadas à recepção literária e à formação do leitor etc. – geraram um ambiente de incomunicabilidade entre os críticos, uma “Babel”, segundo Jay Clayton, em The Pleasures of Babel (1993), em que os estudantes e acadêmicos das Letras são cercados por dezenas de abordagens teóricas, cada qual com sua linguagem e conceitos próprios. Nesse sentido, tornou-se relevante o papel do “crítico da crítica”, o historiador das ideias do universo da Literatura, responsável pela “tradução” de uma linguagem crítica específica que permita seu acesso e compreensão de maneira mais plena. O trabalho mais abrangente já concluído nesse sentido é sem dúvida o de René Wellek, com sua obra monumental A história da crítica moderna (1955-1992), em oito volumes, mas outros grandiosos exemplos vêm à mente, embora menos ambiciosos, como a conhecida Teoria da Literatura: uma introdução (1983), de Terry Eagleton, ou A crítica literária do século XX (1987), de Jean-Yves Tadié. Mais recentemente, destacam-se os trabalhos de Jonathan Culler, Paul Fry e Vincent B. Leitch, respectivamente com as obras Teoria literária: uma introdução (1997), Theory of Literature (2012) e Literary Theory in the 21th Century (2014); e, no Brasil, os trabalhos de Leyla Perrone-Moisés, como em Altas literaturas (1998), e de Fábio Ackelrud Durão, em O que é crítica literária? (2016). Este simpósio acolherá comunicações que tratem do trabalho de críticos e teóricos da literatura – que exponham seu projeto crítico, seus principais interesses e conceitos formulados – assim como de conceitos da teoria literária que demandem exposição e discussão, sua aplicabilidade e relevância, e de abordagens críticas em sua totalidade – seu conjunto de conceitos e interesses e seus intelectuais representativos.
Palavras-chave: teoria literária, crítica literária, história da crítica.